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Chamada à participação

A primeira Conferência Internacional do projecto ARTHE - Arquivar o Teatro, pretende colocar em diálogo experiências diversas de mapeamento  - localização, identificação, tratamento, conservação e eventual mediação pública - de arquivos de artes performativas de finais do século XX e, em particular, dos seus últimos 30 anos. Trata-se de um momento de grandes transformações técnicas e estéticas na cena, na formação e no trabalho do intérprete, nas modalidades de trabalho “independente”, sem empresários teatrais, e da emergência de experiências performativas: da performance art aos teatro físico, teatro pobre, teatro intercultural, teatro visual, à dança teatro, à nova dança, dança contemporânea, entre outras. Este período corresponde simultaneamente a alterações de monta dos meios tecnológicos -  das fotocópias à ford transit e à câmara de mão, do prêt-à-porter, aos voos charter - o que se repercute nos modos de produção e materiais associados, hoje presentes nos arquivos. Em Portugal coincide, num sentido lato, com o período que prepara o 25 de Abril de 1974 e lhe sucede.

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O que se encontra nestes arquivos? A que tipo particular de conhecimento se acede através deles? Que desafios coloca a materialidade diversa dos seus documentos à própria tarefa de arquivar, e à ideia de arquivo? O que nos diz sobre um tempo que foi o seu e o modo como as artes performativas habitam e participam desse tempo? 

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Depois de uma jornada no Museu Nacional do Teatro e da Dança, em Julho 2023, na qual foram apresentados e discutidos os resultados provisórios do mapeamento - ainda em curso - do estado dos arquivos de dezassete companhias de teatro porrtuguês que aceitaram integrar o projecto, esta conferência, de âmbito internacional e comparatista, propõe uma abordagem cruzada de iniciativas análogas do Chile, ao Brasil, de Itália ao Reino Unido. Trata-se de partilhar, reflectir sobre e equacionar modos de aproximação aos (e eventual salvaguarda dos) arquivos das companhias, em particular relativos ao referido período e aos termos chave “Teatro Independente” e “Descentralização” presentes nos discursos de então, entendendo o arquivo simultaneamente enquanto sistema de organização e pensamento do passado visto a partir de um presente situado, por um lado, e conjunto de práticas, decisões e procedimentos materiais concretos, por outro.

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Este encontro reunirá investigadores e artistas como as keynote speakers Heike Roms, consultora do ARTHE-Arquivar o Teatro, organizadora do projecto 'It was forty years ago today...': Locating the Early History of Performance Art in Wales 1965-1979, e Elisabeth Azevedo, coordenadora e pesquisadora no projeto Traje em Cena, que organizou o acervo de figurinos do Theatro Municipal de São Paulo e a pesquisa Inventário da Cena Paulistana.

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A Conferência contará igualmente com a presença de experiências recentes em que o digital assume uma expressão central nos modos de imaginar, tratar, e dar a ver o arquivo. É o caso do projecto europeu (ERC) INCOMMON. In praise of community. Shared creativity in arts and politics in Italy (1959-1979) representado por Marco Baravalle que, para além de ter inventariado a relação tensa entre artes performativas e política na Itália dos “anni di piombo” propõe cartografias, unindo protagonistas a experiências existenciais e estéticas. Dois projetos vindos do Chile inscrevem-se nessa mesma linha de aproximação aos arquivos de artes performativas. Se o CATASTRO DE ARCHIVOS DE ARTES ESCÉNICAS, aqui representado por Pía Gutiérrez, docente da Escola de Teatro da PUC, no Chile e integrante do projecto ARDE,  é a proposta internacional que mais se assemelha ao mapeamento em curso pelo ARTHE, já o projeto ARDE - Archivos de Arte, representado pela investigadora Katharina Eitner, desdobra, um pouco à semelhança de INCOMMON, a noção de arquivo para dentro de cada processo de trabalho, documentando práticas cénicas actuais em paralelo com a revisitação de arquivos específicos e o traçar de cartografias.

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Através da apresentação cruzada e discussão crítica dos objectivos,  metodologias e resultados de cada um destes projectos distintos e vindos de contextos diversos procura-se uma abordagem à situação dos arquivos de artes performativas no seu contributo para a compreensão do encontro das artes com as sociedades de que participam. Procura-se igualmente equacionar formas de melhor os salvaguardar.

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A Conferência propõe ainda uma open call para comunicações que incidam sobre trabalho específico com arquivos de artes performativas criados nos últimos 30 anos do século passado, que ajudem a problematizar questões artísticas, filosóficas, técnicas, historiográficas, sociológicas e políticas, em torno quer das práticas de arquivar e do arquivo enquanto problema, quer da eventual produção e transmissão de conhecimento a partir dos arquivos e/ou da história cultural dos seus tempos de construção.

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Assim, convida-se arquivistas, pesquisadores e artistas a propor comunicações de cerca de 15 minutos, que partam de trabalho concreto com arquivos em artes performativas, incidindo sobre, mas não se limitando a temas como:

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- arquivos em risco: o que fazer?

- cuidar dos arquivos de artes performativas: inventariação, classificação, catalogação, indexação, digitalização e disponibilização

- mediações e remediações do arquivo

- abordagens específicas das materialidades do arquivo: variada documentação em papel, objectos/adereços, equipamento, audiovisual, maquetes de cenários, figurinos e trajes, etc.

- arquivos queer e a “queerização” do arquivo

- arquivos “menores”, “contra-arquivos”, “anarquivos” e “arquivos do comum”

- arquivos conexos: acervos pessoais, institucionais e outros acervos relacionados

- performatividades específicas ao arquivo: que arquivos produzir e que outras performances eles possibilitam

- o digital e os arquivos: digitalização e documentação nado-digital

- memórias que atravessam os arquivos

- modos de reativar o arquivo em artes performativas

Datas: 11 e 12 de dezembro de 2023

Local: Teatro Nacional de São João, Porto

Organização: Projeto ARTHE - Arquivar o Teatro,  Centro de Estudos de Teatro, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Teatro Nacional São João

Comissão Científica: Maria João Brilhante, Ana Bigotte Vieira, Paula Caspão,Vera Borges, Pedro Estácio, Sofia Patrão, Daniel Tércio, Hélia Marçal, Heike Roms

Critérios para submissão: Os resumos das comunicações deverão conter entre 300 e 500 palavras, em português, inglês, francês ou espanhol e quatro palavras chave. Virão acompanhados de um breve CV (200 palavras). 

Deverão ser enviados com o assunto: 

ARTHE-Conferência Internacional Arquivos Cruzados

para o endereço arthe[@]letras.ulisboa.pt

Data limite para envio de propostas

31 de outubro

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Data para envio do resultado da revisão por pares

6 de novembro

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Data limite para inscrição

24 de novembro

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Inscrição de participantes na Conferência

25 euros

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